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E tudo começou com uma árvore...

Cliente

Lá em casa, o pé de abacate era a árvore mãe do terreiro. Era a árvore maior de todas e ficava bem no centro do terreiro deixando pequeno tudo que havia em volta. O pé de abacate é a árvore da minha infância. Suas folhas eram as mais cheirosas e de um verde muito verde. As cascas que se formavam no tronco, mais pareciam com veias e artérias e serviam de caminho para as formigas. E quando dava flor, lá começava a contagem regressiva para um tempo de festas. Os abacatinhos bebês eram a coisa mais fofa que podia existir. O pé de abacate carregado anunciava a alegria e união. Pegar abacate era festa, momento de ver todo mundo junto e bem feliz. O junta, os gritos de ali e aqui, os gritos de cuidado, a tensão do impacto do abacate caindo no lençol, a força nos braços e corpos firmes. Crianças em festa. Terreiro em festa.

Precisamos recriar a vida, criar outros modos de ser e viver. Precisei reencantar a vida dura para continuar existindo.

Cliente

Com os pés de acerola e amora acontecia algo que me conectava no tempo de ontem que é o de hoje. Colher acerola e amora passou a ser um evento coletivo. A gente passou a colher juntos e enquanto colhe frutas a gente conversa de tudo e ri até. É uma alegria só! Um evento, não como era com o pé de abacate, as pessoas não são as mesmas, mas aqui, gente também desperta a magia no viver. 

O pé de amora é muito abundante com amoras doces e enormes. Além de alimento, eu me encantava com as marcas que elas deixavam no chão. E, nas minhas brincadeiras com meu sobrinho João tinha pântano e tinha tinta de amora. A gente pintava papéis, o chão e o muro. João me ajudou muito a reviver memórias de infância e a me permitir ser criança também e principalmente, a continuar reencantando a minha vida dura. Na verdade, João trouxe encantos pra vida de todos nós! Maria chegou e encontrou tudo mais leve e chega pra nos ensinar muito sobre o que é sorrir com o corpo todo.

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